quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Neste natal, dê um livro de presente!


Numa noite destas, escapulindo pela tangente às últimas páginas de Perto do coração selvagem de Clarice Lispector, resolvi tomar um suco de laranja a fim de apaziguar a mente, enquanto lá fora caía vagarosa uma chuva fina, daquelas que fazem o corpo todo pedir cama. Ao reparar que sempre tenho um livro nas mãos... sempre que vou aquele recinto... a gerente da lanchonete, alegando que deveria presentear quatro dos seus funcionários com um livro, pois esta era a regra pra quem completa mais uma primavera, me pediu a dica de alguns bons livros para agraciar os colegas.

De repente, me tocou à mente a leitura dos clássicos, porém, vá que a galera não tenha o hábito à leitura – começar pelos clássicos sem uma iniciação poderia fazê-los engavetar o livro, e aí, “tchau Maquelé”, era uma vez um livro. Que me desculpe Calvino. Então, dei um tempo quanto à indicação de Ulisses de James Joyce, Em busca do tempo perdido de Marcel Proust, Guerra e paz de Lev Tostoi, entre outros grandiosos romances que marcaram a história da literatura.

Quanto à literatura nacional de primeira grandeza, poderia indicar Dom casmurro de Machado, embora muito surrado, o enigma sobre os olhos de ressaca de Capitu em meio à febre em reminiscências de Bentinho ainda deixa muitos leitores a ver navio. E é claro, Grande sertão: veredas de Guimarães, um clássico dos clássicos, onde a primazia da palavra se revela no delinear das linhas. Há outros que também que poderia indicar, quem sabe Vidas secas ou Angústia de Graciliano, A hora da estrela ou A paixão segundo GH de Clarice, e outros mais e mais.

Veio à mente, alguns bons livros, com bons enredos e uma estética apurada, de romances lançados a pouco tempo, servindo como uma belíssima viagem no tempo e no espaço. Primeiro vamos à Barcelona, na Catalúnia do pós-guerra, na escrita magistral do espanhol Luiz Carlos Zafon em A sombra do vento, uma leitura mágica, daquelas de prender o fôlego; depois, vamos ao belíssimo romance O leitor de Bernhard Schlink, cuja escritura tem certas passagens memoráveis, encantadoras.

Entre os livros brasileiros lançados recentemente, indicaria Um erro emocional de Cristovão Tezza, um belíssimo romance contemporâneo, bem como o premiadíssimo Se fechar os olhos agora com competente jornalista Edney Silvestre. Isso sem falar nos últimos textos do caro amigo Chico Buarque, tais como, Leite derramado e Budapeste.

Ao terminar o lanche, caminhando em noite fria pelas ruas, sentir na alma uma vontade danada em fazer deste natal uma viagem mágica ao mundo das letras aos meus queridos e amados familiares. Que tal um livro como presente? Sim, um livro!

Assim, rolando na cama comecei a pensar numa determinada pessoa em relação a um determinado livro. E a começar, o primeiro livro que veio à mente foi Cem anos de solidão: simplesmente, uma daquelas jóias raras que se encontram nas areias do deserto, do colombiano Garcia Marques. E pelo jeito, a moda vai pegar. Para os próximos natais, nada de sapato, camisas, bolas, bonecas e cds, vamos de livros. Vá que a moda pegue. E de grão em grão vamos fazendo do Brasil uma casa de leitores...

4 comentários:

  1. pra ti também... um natal cheio de paz e alegria, e é claro, um ano novo cheio de muitas leituras a fazer, grande abraço!

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  2. Boas sugestões Robson.
    Abraços enluarados !
    Crispim e Fatima

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  3. ao crispim e à fátima, meu grande abraço e fraternos desejos de um feliz natal cheio de muita paz e um ano novo com muitas aventuras literárias...

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