Numa
noite destas, escapulindo pela tangente às últimas páginas de Perto do coração
selvagem de Clarice Lispector, resolvi tomar um suco de laranja a fim de
apaziguar a mente, enquanto lá fora caía vagarosa uma chuva fina, daquelas que
fazem o corpo todo pedir cama. Ao reparar que sempre tenho um livro nas mãos...
sempre que vou aquele recinto... a gerente da lanchonete, alegando que deveria
presentear quatro dos seus funcionários com um livro, pois esta era a regra pra
quem completa mais uma primavera, me pediu a dica de alguns bons livros para
agraciar os colegas.
De
repente, me tocou à mente a leitura dos clássicos, porém, vá que a galera não
tenha o hábito à leitura – começar pelos clássicos sem uma iniciação poderia
fazê-los engavetar o livro, e aí, “tchau Maquelé”, era uma vez um livro. Que me
desculpe Calvino. Então, dei um tempo quanto à indicação de Ulisses de James
Joyce, Em busca do tempo perdido de Marcel Proust, Guerra e paz de Lev Tostoi,
entre outros grandiosos romances que marcaram a história da literatura.
Quanto
à literatura nacional de primeira grandeza, poderia indicar Dom casmurro de Machado,
embora muito surrado, o enigma sobre os olhos de ressaca de Capitu em meio à
febre em reminiscências de Bentinho ainda deixa muitos leitores a ver navio. E
é claro, Grande sertão: veredas de Guimarães, um clássico dos clássicos, onde a
primazia da palavra se revela no delinear das linhas. Há outros que também que
poderia indicar, quem sabe Vidas secas ou Angústia de Graciliano, A hora da
estrela ou A paixão segundo GH de Clarice, e outros mais e mais.
Veio
à mente, alguns bons livros, com bons enredos e uma estética apurada, de
romances lançados a pouco tempo, servindo como uma belíssima viagem no tempo e
no espaço. Primeiro vamos à Barcelona, na Catalúnia do pós-guerra, na escrita
magistral do espanhol Luiz Carlos Zafon em A sombra do vento, uma leitura
mágica, daquelas de prender o fôlego; depois, vamos ao belíssimo romance O leitor
de Bernhard Schlink, cuja
escritura tem certas passagens memoráveis, encantadoras.
Entre
os livros brasileiros lançados recentemente, indicaria Um erro emocional de
Cristovão Tezza, um belíssimo romance contemporâneo, bem como o premiadíssimo
Se fechar os olhos agora com competente jornalista Edney Silvestre. Isso sem
falar nos últimos textos do caro amigo Chico Buarque, tais como, Leite
derramado e Budapeste.
Ao
terminar o lanche, caminhando em noite fria pelas ruas, sentir na alma uma
vontade danada em fazer deste natal uma viagem mágica ao mundo das letras aos
meus queridos e amados familiares. Que tal um livro como presente? Sim, um
livro!
Assim,
rolando na cama comecei a pensar numa determinada pessoa em relação a um
determinado livro. E a começar, o primeiro livro que veio à mente foi Cem anos
de solidão: simplesmente, uma daquelas jóias raras que se encontram nas areias
do deserto, do colombiano Garcia Marques. E pelo jeito, a moda vai pegar. Para
os próximos natais, nada de sapato, camisas, bolas, bonecas e cds, vamos de
livros. Vá que a moda pegue. E de grão em grão vamos fazendo do Brasil uma casa
de leitores...
Valeu, Robson!
ResponderExcluirAbraço de natal.
pra ti também... um natal cheio de paz e alegria, e é claro, um ano novo cheio de muitas leituras a fazer, grande abraço!
ResponderExcluirBoas sugestões Robson.
ResponderExcluirAbraços enluarados !
Crispim e Fatima
ao crispim e à fátima, meu grande abraço e fraternos desejos de um feliz natal cheio de muita paz e um ano novo com muitas aventuras literárias...
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