sábado, 29 de outubro de 2011

Numa feira de livros na Amazônia!

Por acaso, o caro leitor já fora à Amazônia? “Chegou ao Pará, parou, tomou açaí e ficou”, como nos belos versos cantarolados por Pinduca na Avenue des Champs-Élysées, em Paris, como uma das marcas da exportação da cultura das águas paraenses, no caso específico, a dança sensual do carimbó.

Para quem pensa que a Amazônia é formada apenas e simplesmente por tribos indígenas, pororoca, onça pintada, pistoleiros que adoram derrubar sindicalistas a cada virada da lua, precisa conhecer um pouco mais as delícias que se encontram abaixo da linha do equador, tais como, a praia de água salgada mais bela do Brasil – Atalaia, que se encontra ao norte do estado do Pará, no município de Salinópolis; o santuário das águas – Alter do chão, no município de Santarém, às margens do rio Tapajós; os belíssimos versos de Ruy Barata; a doce e encantada musicalidade de Nilson Chaves; o Jornal Pessoal do jornalista Lúcio Flávio Pinto, com toda sua criticidade aguçada e imparcialidade exuberante, bem como, a quarta maior feira do livro em território brasileiro, no caso, a Feira Pan Amazônica do Livro, realizada na capital das mangueiras – em Belém, no Hangar, centro de convenções da Amazônia.

Estive lá no início de setembro. E apesar da dúvida, entre a Bienal do Rio e Feira Pan Amazônica do Livro, em Belém: fui um dos quatrocentos e vinte mil participantes desta última, que teve como país homenageado, a Itália, trazendo no bojo, a voz excitante da cantora Mafalda Minozzi, além de homenagear a poeta belenense, de noventa e três anos, Dulcineia Paraense, um dos nomes atuantes do modernismo marajoara, autora de poemas belíssimos, tais como, “O destino do silêncio”, “Símbolo” e “Retrato”,que na juventude, além de poeta, era cantora lírica, cujas mãos, passeavam levemente nas teclas do piano.

Só uma coisa me intriga quando se fala em feira do livro – por que não termos, ao invés de feira do livro em caráter anual, termos feira do livro que seja diária – e que seja por vinte e quatro horas, desde os primeiros sorrisos do sol, até o último piscar da lua. Pois, já que estamos tão carentes, quando o assunto se relaciona à leitura, apresentando apenas 1,7 livros em média de leitura por cada jovem brasileiro, por que não, então, fazer de cada cidade uma casa permanente de leitores!

Mas, enquanto isso, o governo federal, através do Ministério da Educação, prefere distribuir camisinhas nos pátios escolares, como está previsto a acontecer, do que entregar um livro diário a cada criança. Depois alguém fica procurando os porquês do fracasso em matéria de leitura e produção textual em nossos adolescentes, como se a culpa fosse pura e simplesmente do coitado do professor: lousa, saliva e giz.

Então, enquanto a educação não é levada a sério por nossos governantes, que tal um feira de livros: uma aqui, outra ali, e assim vamos, de norte a sul, correndo atrás dos salões, feiras e bienais do livro, sem esquecer, é claro, como toda mídia do centro-sul do país, que na Amazônia, além do carimbo que apaixona os franceses, há também, uma grande feira do livro – a Feira Pan Amazônica do Livro em Belém do Pará. O único problema é saber se você vai, antes ou depois da chuva das quatro.

Profº. Robson Luiz Veiga

Livros não foram feitos a ficar nas estantes; antes,

porém, passar de mãos em mãos.