sexta-feira, 11 de março de 2011

quando o perigo mora ao lado

Por acaso o nosso caro leitor, já sentiu atraído a pular um determinado muro, mesmo sabendo que do outro lado, a única verdade a ser encontrada seja apenas a incerteza? Com certeza, em algum momento de nossas vidas já tivemos diante dos nossos olhos um grande muro, seja literalmente, ou mesmo metaforicamente. Às vezes até, ficamos diante de grandes muros, que mesmo sabendo o que não encontrar do outro lado, somos obrigados a escalá-los. Da mesma forma, da tão famosa pedra, aquela que de vez em quando a encontramos em nossos caminhos, assim como cantava Drummond, “no meio do caminho havia uma pedra”. Porém, quando somos crianças ainda, somos instigados a pular todos os muros e cercas que encontramos pela frente. Quando criança, o que vale é a descoberta, o novo, a aventura, sem se incomodar com o que vamos encontrar do outro lado do muro, ainda mais, quando a inocência do ser nos trai, pelo fato do novo nos atrair. É assim, o que viveu o nosso personagem da semana, o garoto Bruno de nove anos, nas poucas linhas do romance, O menino do pijama listrado, do escritor irlandês John Boyle. O enredo é simples, numa linguagem tranquila, narrado em terceira pessoa, sendo Bruno, o objeto da narrativa por onde todas as câmaras ficcionais se dirigem, do início ao findar do livro. A narrativa se inicia com o garoto indagando a todos sobre a mudança, pois o menino será obrigado a residir em outra região, tendo que construir novos amigos, novos hábitos, morando numa nova casa. Após deixar a cidade de Berlim, em plena segunda guerra mundial, juntamente com seus familiares: pai, mãe e irmã, o garoto Bruno vai habitar num determinado lugar, vizinho a um campo de concentração. Ali, Bruno conhecerá os opostos, mesmo sem saber, qual a causa da não atração entre eles. Por um lado, os nazistas e suas novas leis, titularizada pelo próprio pai, que tem o máximo orgulho ao vestir o uniforme alemão; por outro lado, os novos vizinhos.  Ao vazar do quintal da nova casa, para o outro lado, Bruno encontra um novo amigo, Shmuel, um menino que vive do outro lado da cerca, tendo por uniforme na vida diária, uma vestimenta listrada, de feitio semelhante aos demais. A partir deste momento, a narrativa se volta aos encontros diários entre os dois meninos: um, filho de alemão; outro, de sangue judeu. Num determinado encontro entre os dois, Bruno atravessa a cerca, troca de vestimenta com o novo amigo, e por ironia do destino, passa a ser, no final da história, o menino do pijama listrado - logo no dia em que o próprio pai, havia mandado exterminar na câmara de gás, uma boa leva de judeus que ali se encontrava em trabalho forçado. Pelo fato de ter poucas linhas, é aquele tipo de livro que a gente ler ao cair do por do sol, tomando uma breve limonada, no balançar da rede, deixando a alma cair solta no mundo da imaginação. Então, o que você está esperando? Corra! Leia o livro, e conheça o destino de Bruno e seu amigo de pijama listrado.

Prof. Robson Veiga

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