
Não resta dúvida de que precisamos nos ambientar dentro de uma cultura cujo fator primordial seja a leitura. Para isso, primeiramente a Secretaria de Educação, conjuntamente com a Secretaria de Cultura, tem que privilegiar em seus programas o hábito da leitura, seja na escola, ou na própria residência do estudante. Logicamente, que é um processo lento, que se aplicado eficientemente dentro das escolas desde à infância e seguindo aos anos vidouros, em dez anos possamos dizer que Rondon do Pará seja verdadeiramente uma Casa de Leitores.
De cara temos um entrave: os nossos educadores não gostam de ler, isso, contabilizando, é claro, a maioria dos profissionais em educação, desde os coordenadores, passando pelos diretores, até chegarmos aos professores. Levemente encontramos aqui e acolá um solitário professor lendo algum romance. Não que seja um romance daqueles, mas já é um bom começo. Então, se não temos um registro de educadores amantes da arte literária, como teremos uma plateia de crianças e jovens inocentes a educar à base da leitura? Mas para isso, poderemos obter em Rondon do Pará a cultura dos Encontros, Colóquios, Seminários, Congressos, cujo tema seja sempre dedicado à leitura. E aí, surge sempre um engraçadinho a perguntar: e com qual recurso faremos isto e aquilo? Como se o FUNDEB não fora feito justamente pra este fim: o desenvolvimento educacional.
Que tal começarmos com duas Feiras Literárias por ano... Que tal começarmos por um Feira de Livro nas escolas por semestre... Que começarmos por Exposição de Livros no pátio escolar uma vez por mês... Que começarmos por um Sarau Literário por semana nas escolas... Que tal começarmos com um Concurso de Poesia por dia na hora do recreio... Que tal pelo menos começarmos a discutir o hábito da leitura entre nós educadores... Pois já cansei de ouvir nos corredores escolares uma frase besta que não cansa em conviver no cotidiano educacional: também, eles não gostam de ler? Mas, eles quem? Primeiro devemos dizer: também, nós não educamos nossos alunos ao hábito da leitura. Dizem que filho de peixe peixinho é...
O nosso estudante é tão inocente, que se chegarmos na sala de aula com uma revista na mão, ele logo irá pedir pra ler... Se chegarmos com um livro nas mãos, ele logo irá pedir emprestado... Se chegarmos com uma palavra cruzada, ele logo irá pedir uma caneta pra fazer...
Na Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Dionísio Bentes de Carvalho criamos durante três anos um certo hábito de leitura, que seguramente acompanha um grande número de estudantes, que mesmo longe, hoje estudando uma graduação ou bacharelado, nos procuram em tempos de férias, "professor, tem um livro aí pra emprestar pra gente...". Com isso, saímos em 2008 ao número expressivo na época de trezentas e sessenta e oito leituras não-obrigatórias; em 2009, apresentamos mil e duzentas leituras não-obrigatórias; e em 2010, mil e oitocentas leituras não-obrigatórias: um recorde no estado do Pará. Sem falar, que sessenta por cento das leituras saíram da minha própria estante, pois carrego comigo o seguinte lema: "livros não foram feitos a ficar nas estantes; antes, porém, passar por mãos e mãos", pois essa era a cultura de antigamente, a troca de livros entre leitores assíduos, e poderíamos, num futuro não tão distante, regatá-la aos nossos olhos, isso é, se mudarmos nossas práticas enquanto educadores.
Alguns, os mais céticos, poderiam dizer: são apenas palavras ao vento, porém, que seja um vento forte, daqueles capazes de arrebentar a ignorância dos fracos, e imprimir, mesmo que seja numa cidadezinha do interior, o hábito da leitura, para que no futuro, possamos nos orgulhar do trabalho que outrora fizemos. Essa deveria ser a nossa meta: Fazer de Rondon do Pará Uma Casa de Leitores. Vamos nessa?
Robson Luiz Veiga
Mestrando em Literatura e Crítica Literária
PUC Goiás
Robson Luiz Veiga
Mestrando em Literatura e Crítica Literária
PUC Goiás
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