A
imprensa brasileira, infelizmente, ainda teima em admitir que os vândalos que
marcam encontros via net, com armas, paus e pedras, em nome do futebol, são
torcedores. Pra cá nós, esses caras não torcem nem pro time A, nem pro time B,
e sim, pelo time V, que poderia ser de violência, ou quem sabe de vandalismo. Mas
a mídia tem lá os seus equívocos, dá mesma forma como tiveram há quase 20 anos,
quando diziam que os caras-pintadas representavam a massa – era tudo uma farsa,
pois aquele grupo representava os congressistas, a classe média, a avenida
Paulista, Vieira Souto, pois naquela época, o povão mesmo, só fazia poupança
debaixo do colchão. Mas deixemos o passado trancado em sete chaves, talvez
algum dia alguém reinvente esta parte da história brasileira, assim como fazia
Saramago em relação à historiografia oficial portuguesa.
Por
enquanto, tratamos nós, daqui! O que nós não podemos é admitir que em pleno
século vinte e um os homens se armam a troco do nada, ainda por cima deixando
transparecer aos intelectuais que é tudo pela paixão nacional: o futebol. Cá
pra nós, enquanto o garoto propaganda Neymar, a cada piscadela que dá, engorda
razoavelmente a conta bancária, bancando de iates, e ainda por cima, passando
as mãos no bumbum das gatas mais suculentas da zona sul, os caras ficam na net
marcando encontros em turma apenas pra provar quem manda no pedaço. Idade da
pedra? Não, era das minuciosidades, porém, também nesta era, o homem, mais do
que nunca, precisa de um pouco mais de leitura.
Podemos
admitir sim, que sem o futebol as tardes de domingo ficam desajeitadas; que a
segunda, sem a gozação pra cima do torcedor adversário, fica careta; que as
noites, sem as resenhas futebolísticas nas ondas do rádio, não tem luares; mas,
tirar sangue do outro ser humano pela rivalidade criada pelo futebol, ah, meu
amigo, isto não dá pra admitir. Não é futebol que causa tais desejos aos ditos
seres humanos que fazem tais brincadeirinhas em hora marcada...
O
futebol é feito de graça, beleza e arte. Sem falar, é claro, nas cores e
cânticos das torcidas; do grito, do choro e das bandeiras que tremulam nas
arquibancadas. Futebol também é feito das diferenças, das rivalidades, das
antíteses, mas sempre convergindo ao paradoxo, pois não precisamos nos
alimentar do sangue alheio só porque o nosso time perdeu mais um clássico.
Ainda mais no cerrado, que nem futebol tem, ou tem? Duvido muito se tem!
Vejamos
bem um bom exemplo. Numa final de brasileirão na década de 90, em pleno
Maracanã, estava eu e minha esposa, lada a lado a curtir aquele belo
espetáculo. Eu com a camisa do Vasco, embora não fosse o time do meu coração,
pois eu era botafoguense, e ela com a camisa do Palmeiras. No final do jogo, o
clube carioca havia levantado mais uma taça, enquanto ela, torcedora do time
paulista, chorava em meus braços. Não precisamos nos matar por causa de uma
simples partida de futebol, mesmo que seja a perda do título nacional. Futebol
é apenas mais um dos prazeres criados pelo homem. O show da vida deve
continuar.
Não
sou fanático por futebol a ponto de cair do décimo andar só porque meu time
perdeu o título para o rival. Mas adoro ver a alegria ou o choro do torcedor de
coração. Aquele que pula, que grita, que faz e cumpre promessas, que desfila
sorridente sua camisa colada ao corpo na segunda, e ainda goza o colega de
trabalho, que puto da vida, olhar de mansinho o companheiro e diz: tudo bem, um dia é da caça e outro do
caçador, me espere... ano que vem tá chegando aí! Agora, dá flechada um no
outro por causa de futebol – espera aí, conta outra que esta estou careca de
saber que tais “amores” não tem nada a ver com futebol, e sim, com caso de
polícia.
Robson
Luiz Veiga
Talvez o futebol como qualquer outra coisa ao invés de uma paixão se transforme numa fuga ou no descarregar da violência interior que muitos carregam. Nietzsche dizia em minhas interpretações, que o homem para manter o poder se utiliza da violência. Infelizmente esse homem não sabe que ganhar o jogo com a inteligencia e não as custas de machucar alguém é a única forma de conquista. A violência não traz a vitória e sim o adiamento dela e a frustração interior do homem.
ResponderExcluirbelíssimo, andrea peixoto, mui belo pensamento!
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